tag:blogger.com,1999:blog-47690883641799041662024-03-06T00:24:05.705+00:00Feminino SingularMomentos em que as asas, que me não vês, se desenlaçam dos dias cinzentos e voam, fora e dentro de mim...Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.comBlogger55125tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-23384329777941130302020-04-24T23:37:00.001+01:002020-04-24T23:37:50.357+01:00O DIA DA LIBERDADE,<br />
José Jorge Letria<br />
<br />
“Este dia é um canteiro<br />
com flores todo o ano<br />
e veleiros lá ao largo<br />
navegando a todo o pano.<br />
E assim se lembra outro dia febril<br />
que em tempos mudou a história<br />
numa madrugada de Abril,<br />
quando os meninos de hoje<br />
ainda não tinham nascido<br />
e a nossa liberdade<br />
era um fruto prometido,<br />
tantas vezes proibido,<br />
que tinha o sabor secreto<br />
da esperança e do afeto<br />
e dos amigos todos juntos<br />
debaixo do mesmo teto.”Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-63719401614841725522020-04-24T13:57:00.000+01:002020-04-24T13:57:26.465+01:00SOL<br />
<br />
Os dias de sol<br />
São infinitamente melhores<br />
Que os dias de chuva.<br />
<br />
Em dias de sol,<br />
Largo o olhar ao céu<br />
E sinto-me grata ao Universo<br />
Pela bênção de pertencer aqui.<br />
<br />
A chuva humedece tudo.<br />
Hemedece os dias, a alma e os olhos...<br />
<br />
Gosto do sol<br />
E das gotículas de orvalho que brilham<br />
Como estrelas<br />
Nas ervas do caminho.<br />
<br />
É como se houvesse dois Céus...<br />
<br />
Gosto das danças dos pássaros<br />
E das melodias caprichosas<br />
Que dedicam uns aos outros.<br />
<br />
Gosto do calor no corpo<br />
Do azul no alto<br />
Da distância que alcanço com olhar...<br />
<br />
Os dias de sol<br />
São definitivamente melhores<br />
Que os dias de chuva!<br />
<br />
<br />
<br />Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-19864884641955420572020-04-22T18:31:00.000+01:002020-04-22T18:31:44.533+01:00SEGUE O TEMPO<br />
<br />
Alongam-se os dias cinzentos...<br />
As nuvens passeiam, dolentes,<br />
Escondendo o infinito azul...<br />
<br />
A primavera segue, intrépida,<br />
Como menina em devaneios<br />
entre as papoilas e searas...<br />
<br />
Ao longe,<br />
O vapor que escorre pelas colinas<br />
Encobre verdes exuberantes de vida...<br />
<br />
E eu,<br />
Por detrás desta cerca invisível,<br />
Vejo o tempo escorrer-me pela alma<br />
E anseio caminhadas pela praia...<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-75341469662213234562020-04-21T15:31:00.004+01:002020-04-21T15:31:51.592+01:00METAMORFOSE<br />
<br />
Da opacidade da tarde,<br />
atiram-se os olhos aos dias que passam,<br />
cinzentos e lúgrubes<br />
moles e desencantados,<br />
pelas janelas das casas...<br />
<br />
No casulo inerte,<br />
acalento esperanças<br />
de asas que virão<br />
cheias de cores e brisas e luares...<br />
<br />
Não tardará,<br />
poderemos atirar-nos ao vento<br />
e escutar o cântico das marés<br />
de pés descalços na areia<br />
de pele desnuda sob o sol ardente<br />
de abraços desmedidos e tão grandes<br />
que caberá neles<br />
toda a secura destes dias<br />
e toda a saudade que no come.<br />
<br />
<br />Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-10351823399422995802020-04-20T15:57:00.000+01:002020-04-20T15:59:51.110+01:00<h2>
Esperança</h2>
<br />
Arrastam-se, serenos e calmos, os dias imensos.<br />
Lá fora, por entre as conversas das aves<br />
e o murmurar verde da floresta,<br />
alma alguma percorre os caminhos...<br />
<br />
Se o céu falasse,<br />
diria que o fim chegara...<br />
<br />
Por entre o musgo verdejante das pedras,<br />
corre, alegre, o riacho cristalino<br />
alheio ao silêncio e à solidão<br />
dos trilhos abandonados de gente...<br />
<br />
Se o céu falasse,<br />
diria que o fim chegara...<br />
<br />
Mas não fala o céu!<br />
Falam as almas nossas<br />
que exultam na esperança...<br />
E esse grito é de vida!<br />
<br />
<br />Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-71718350170606734922011-04-29T22:45:00.001+01:002011-04-29T22:47:59.490+01:00Na berma dos dias...<span style="font-family:verdana;"><br />Fechou os olhos secos de lágrimas e adormeceu na berma dos dias.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">É assim que começa a morte.</span><br /><span style="font-family:verdana;">É assim que se dá início à vida vazia de coisas grandiosas.</span><br /><span style="font-family:verdana;">É assim que nos fazemos parte do rebanho, do bando, da multidão.</span><br /><span style="font-family:verdana;">É assim que deixamos de nos pertencer.</span><br /><span style="font-family:verdana;">É assim que alguém nos possui e nos encarcera a alma.</span><br /><span style="font-family:verdana;">É assim que deixamos de ser gente a sério, com ideias e ideais, com pulsações e inquietudes, com revoltas e cansaços…</span><br /><span style="font-family:verdana;">É assim que nos entregamos ao desaire e às anestesias dos outros… daninhos e corrosivos.</span><br /><span style="font-family:verdana;">É assim que tornamos pálida, a fraca alma que deixámos de possuir e que entregámos a um demónio devastador e guloso de sonhos…</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Fechou os olhos secos de lágrimas e adormeceu na berma dos dias.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Quantas vezes não acordou com o raiar da manhã e se entregou à frescura do orvalho num abraço fraterno com a Natureza?</span><br /><span style="font-family:verdana;">Quantas vezes não se deixou embalar pelo vento fresco e lenitivo de uma tarde quente de verão, na loira seara?</span><br /><span style="font-family:verdana;">Quantas vezes não se deixou emprenhar pelo cheiro quente da terra acabada de beber a água das primeiras chuvas?</span><br /><span style="font-family:verdana;">Quantas vezes se ofereceu inteiro aos raios de luar em noites cristalinas e plenas de estrelas?</span><br /><span style="font-family:verdana;">Quantas vezes ofereceu o seu doce sorriso às flores às árvores do bosque cerrado?</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">E agora…</span><br /><span style="font-family:verdana;">Fechou os olhos secos de lágrimas e adormeceu na berma dos dias.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Fechou-se.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Encolheu-se.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Enrolou-se.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Apagou-se.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Fechou os olhos secos de lágrimas e adormeceu na berma dos dias.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Dina Cruz</span>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-50866851824577610232011-04-29T17:11:00.000+01:002011-04-29T17:12:42.354+01:00Quatro paredes pintadas de rosa...<!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> <w:usefelayout/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Era uma sala enorme de paredes rosa-pálido. Pálido. Como os dias que ali se arrastavam moles e desertos de sorrisos.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Nas inúmeras mesas individuais, escondiam-se rostos inertes em frente dos ecrans quadrangulares dos computadores abertos à dolência das manhãs e das tardes sonolentas… O tic-tic das pontas dos dedos tocando as teclas frias dos aparelhos lembrava melodias de cigarras e despertava vontade de cigarros. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Era uma repartição como tantas outras, onde alguns trabalhavam a metro, outros a milímetro… Ali se teciam novelos inenarráveis de papéis para reciclar. Relatórios de relatórios eram produzidos a uma velocidade estonteante de delírio. Grelhas e grelhas e grelhas eram preenchidas, sem dó nem piedade, com algarismos e dados que nasciam do tudo e do nada.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Uns atrás dos outros, em quatro filas quase intermináveis, os trabalhadores fixavam-se nas folhas brancas que se acumulavam em molhos por cima dos móveis repletos de documentos imberbes. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Era o caos organizado. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Era o delírio colectivo. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Era o tédio visceral.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Era o esquecimento da vida.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Era o sol que se vislumbrava no alto da sebe do pátio recto, empedrado, castrador… </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">E o tempo parado, atrasado, relapso… </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">E o fim do dia que não chegava nunca. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">E os quinze minutos para um café sôfrego e nervoso. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">E a rubrica na folha gasta de papel, à entrada e à saída. À entrada e à saída…</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">E a dor no fundo das costas. E a cabeça a estoirar. E os olhos a arder de cansaço. E o ar que faltava. E o alento que faltava. E a vontade que partira há muito…</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Lá fora…</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;">Lá fora o mundo!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; font-family: verdana;"> </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="font-family: verdana;">O mundo todo numa folha de papel aberta às mais ansiadas aventuras e ilusões. E eram moinhos. E eram gigantes. E eram batalhas. E eram passeios abandonados em bosques com cheiro a água, a pedras e a rosmaninho. E eram bandos inteiros de andorinhas. E eram nuvens, cavalos, bisontes, girafas e leopardos. E eram meninos jogando à apanhada e às escondidas. E eram flores e frutos perfumados de polpa doce e sumarenta. E eram praias de areia branca e quente a perder de vista. E eram oceanos de profundo azul em espirais de espuma, água, sal e maresia. E eram ilhas perdidas sob o céu repletas de palmeiras. E eram noites de delírio e som e cores servidos em copos altos com guarda-sóis de papel. E eram danças, corpos nus e desvario à luz da lua e ao som do mar.</span> ..</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /><span style="font-family: Arial;"></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;">Dina Cruz<br /></span></p>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-73509322337251300612010-11-25T20:10:00.001+00:002010-11-25T20:10:53.792+00:00NóE este nó na garganta<br />que me sufoca esse grito...<br /><br />E esta secura na boca<br />que me não solta o sorriso...<br /><br />E estas correntes nas mãos<br />que me encarceram ao escuro...<br /><br />E esta névoa na alma<br />que me tapa o horizonte...<br />que me não deixa ver o sol...<br /><br />Dina CruzDina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-30371386423749310942010-06-28T18:23:00.000+01:002010-06-28T18:24:58.554+01:00Anjo Negro<span style="font-family: verdana;">Dantes tudo era azul…</span><br /><span style="font-family: verdana;">De um azul claro e luminoso que nos enchia a alma e nos abria o sorriso a cada gesto</span><br /><span style="font-family: verdana;">Eram tempos de cores quentes e aromas frutados</span><br /><span style="font-family: verdana;">De sóis amarelos e luas cheias de estrelas</span><br /><span style="font-family: verdana;">Eram tempos de marés-cheias e de frescas maresias vestidas de verde e espuma</span><br /><span style="font-family: verdana;">Eram campos e campos de papoilas onde dormiam, serenos, os pirilampos</span><br /><span style="font-family: verdana;">Eram chuvas mornas e límpidas que roubavam aos montes o cheiro da terra</span><br /><span style="font-family: verdana;">Eram searas de ouro e de pão maduro prenhes de vida</span><br /><span style="font-family: verdana;">Eram gargalhadas atiradas ao vento como sementes</span><br /><span style="font-family: verdana;">Eram vocábulos cintilantes da cor das alvoradas</span><br /><span style="font-family: verdana;">Eram hinos celestiais </span><br /><span style="font-family: verdana;">a cada abraço, </span><br /><span style="font-family: verdana;">a cada beijo, </span><br /><span style="font-family: verdana;">a cada lágrima, até</span><br /><span style="font-family: verdana;">a cada riso…</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Agora</span><br /><span style="font-family: verdana;">O silêncio</span><br /><span style="font-family: verdana;">A dor</span><br /><span style="font-family: verdana;">A amargura</span><br /><span style="font-family: verdana;">O peso infindo nas almas sem cor</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Um anjo negro ensombrou-nos os dias.</span><br /><span style="font-family: verdana;">Um anjo negro eterniza-nos as noites.</span><br /><span style="font-family: verdana;">Um anjo negro encerrou-nos a alma</span><br /><span style="font-family: verdana;">E as palavras</span><br /><span style="font-family: verdana;">E os sorrisos</span><br /><span style="font-family: verdana;">E os beijos</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">O anjo negro levou-nos o sol.</span><br /><span style="font-family: verdana;">O anjo negro levou-nos a alma</span><br /><span style="font-family: verdana;">E a maresia</span><br /><span style="font-family: verdana;">E as searas</span><br /><span style="font-family: verdana;">E as praias</span><br /><span style="font-family: verdana;">E os ventos</span><br /><span style="font-family: verdana;">E os campos</span><br /><span style="font-family: verdana;">E as flores</span><br /><span style="font-family: verdana;">E a chuva</span><br /><span style="font-family: verdana;">E as borboletas</span><br /><span style="font-family: verdana;">E as papoilas</span><br /><span style="font-family: verdana;">E os pirilampos</span><br /><span style="font-family: verdana;">E as vontades</span><br /><span style="font-family: verdana;">E os desejos</span><br /><span style="font-family: verdana;">E a esperança</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">O anjo negro desfez-nos nos olhos amarguras </span><br /><span style="font-family: verdana;">O anjo negro desfez-nos nas almas esperanças</span><br /><span style="font-family: verdana;">O anjo negro cobriu-nos a face de sombra e alma de desalento</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Reina, agora, a escuridão.</span><br /><span style="font-family: verdana;">Fora e dentro de nós…<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Dina Cruz</span><br /></span>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-25710321700930215482010-03-25T19:38:00.000+00:002010-03-25T19:40:07.412+00:00Cabelos pretos<span style="font-family: verdana;">Cabelos pretos…</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Agora</span><br /><span style="font-family: verdana;">Em meio deste vento (não espero por ti não esperarei mais por ti…)</span><br /><span style="font-family: verdana;">Quero agarrar ventos que te sopram do poço</span><br /><span style="font-family: verdana;">Quero segurar terras e caminhos</span><br /><span style="font-family: verdana;">Sorrisos…</span><br /><span style="font-family: verdana;">Os teus doces pretos cabelos pretos</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Flutuando belos (não espero por ti não esperarei mais por…)</span><br /><span style="font-family: verdana;">As raízes da tua voz ()</span><br /><span style="font-family: verdana;">Agora</span><br /><span style="font-family: verdana;">Que do poço</span><br /><span style="font-family: verdana;">Raiam auroras</span><br /><span style="font-family: verdana;">Rasgam em mim </span><br /><span style="font-family: verdana;">Os humores do teu peito</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Ficas entre mim</span><br /><span style="font-family: verdana;">E esse vento</span><br /><span style="font-family: verdana;">Esse oceano de tempo e de saudade</span><br /><span style="font-family: verdana;">Vidas</span><br /><span style="font-family: verdana;">Outras vidas</span><br /><span style="font-family: verdana;">Ventos que te sopram do poço</span><br /><span style="font-family: verdana;">E te incendeiam sem parar…</span><br /><span style="font-family: verdana;">Numa mortalha bela e louca do vento que te propaga do mar que te navega…</span><br /><span style="font-family: verdana;">e</span><br /><span style="font-family: verdana;">(Espero por ti não esperarei mais por ti guio-me de ti, curo-me de ti...)</span><br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-family: verdana; font-weight: bold;">Rocamadour</span></span>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-41328189113272408652010-03-22T21:50:00.000+00:002010-03-22T21:52:35.348+00:00A borboleta que arranca a vida<span style="font-family: verdana;">Enquanto ela fervilha e alcança</span><br /><span style="font-family: verdana;">A acácia negra habita os céus e estranha a doença</span><br /><span style="font-family: verdana;">Ela não foge nem alcança – ((a vida é só um imenso salpicar de areia saltando da cachoeira))</span><br /><span style="font-family: verdana;">Essa negra erva que galga esse delírio;</span><br /><span style="font-family: verdana;">Esse colírio;</span><br /><span style="font-family: verdana;">Esse pequenino pardal;</span><br /><span style="font-family: verdana;">Asas puídas de um papel às cores (das minhas barbas ouço que se me rasgam as saias)</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Como será possível deitar-se perdidas umas flores tão belas?</span><br /><span style="font-family: verdana;">Onde foste buscar esse sorriso ?</span><br /><span style="font-family: verdana;">E as tuas negras saias de folhos…</span><br /><span style="font-family: verdana;">(Auroras verdes azuis culminando o vazio saltitando ao frio)</span><br /><span style="font-family: verdana;">Por enquanto bordadas a linho!</span><br /><span style="font-family: verdana;">Adiante, na berma do carreiro</span><br /><span style="font-family: verdana;">Ao fim da noite</span><br /><span style="font-family: verdana;">Um pedaço de calor te tocará </span><br /><span style="font-family: verdana;">O ventre! (meu inteiro! como eu quero esse ventre quente esse suave ausente…)</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Serás um chorrilho de água e um moinho de pedra molar</span><br /><span style="font-family: verdana;">(habitarás insana uma pedra inculta! Uma muito longa noite…)</span><br /><span style="font-family: verdana;">Olvidarás uma framboesa selvagem</span><br /><span style="font-family: verdana;">Erguendo o vazio</span><br /><span style="font-family: verdana;">Desses olhos de águia…</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Despencará às loucas pelo céu acima </span><br /><span style="font-family: verdana;">O azul celeste da borboleta que arranca a vida…</span><br /><span style="font-family: verdana;"><span style="font-size:85%;"><br /><span style="font-weight: bold;">Rocamadour</span></span><br /></span>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-40105982526076531472010-03-22T18:45:00.000+00:002010-03-22T18:46:16.988+00:00Farol<span style="font-family: verdana;">Ao fundo da tua rua há um farol</span><br /><span style="font-family: verdana;">Haverá sempre um farol...</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Porque há palavras que te brotam da alma</span><br /><span style="font-family: verdana;">com a força das correntes </span><br /><span style="font-family: verdana;">que nunca te agrilhoarão</span><br /><span style="font-family: verdana;">nem voz</span><br /><span style="font-family: verdana;">nem pensamento</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Porque és de betão</span><br /><span style="font-family: verdana;">de rocha dura</span><br /><span style="font-family: verdana;">de cristalino diamante</span><br /><br /><span style="font-family: verdana;">Porque o farol és tu<br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-weight: bold;">Dina Cruz</span></span><br /></span>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-17289161438000473352009-11-16T21:38:00.004+00:002009-11-16T21:45:51.689+00:00Diário<div style="text-align: justify;font-family:verdana;"><span style="font-style: italic;"><br />Março 9</span><br /><br /><span style="font-style: italic;">O Poeta beija tudo, graças a Deus... E aprende com as coisas a sua lição de sinceridade... E diz assim: "É preciso saber olhar..." E pode ser, em qualquer idade, ingénuo como as crianças, entusiasta como os adolescentes e profundo como os homens feitos... E levanta uma pedra escura e áspera para mostrar uma flor que está por detrás...</span><br /><span style="font-style: italic;">E perde tempo (ganha tempo...) a namorar uma ovelha... E comove-se com coisas de nada: um pássaro que canta, uma mulher bonita que passou, uma menina que lhe sorriu, um pai que olhou desvanecido para o filho pequenino, um bocadinho de sol depois de um dia chuvoso... E acha que tudo é importante... E pega no braço dos homens que estavam tristes e vai passear com eles para o jardim... E reparou que os homens estavam tristes...E escreveu uns versos que começam desta maneira "O segredo é amar...".</span><br /><span style="font-style: italic;">Por tudo isto é que eu fiz a Semana da Poesia. Por tudo isto e porque de pequenino é que se torce o pepino. Por falta dela nas antologias escolares, ou só pela presença de Correias de Oliveira, Azevedos Castelo Branco e mais da mesma firma, é que os rapazes chegam a homens com uma má vontade à Poesia ou uma ignorância dela que confrangem um cristão. É preciso, subtilmente, deitar-lhes no sangue este veneno - não tanto para que gostem de versos ou saibam versos de cor, como para que olhem o mundo através da janela da Poesia, para que beijem tudo, graças a Deus, para que saibam olhar, para que reparem nas flores e nas ovelhas. Isto é que se quer que eles façam, sem respeito humano, pela vida fora. Digo "sem respeito humano", porque é fora de dúvida que a maior parte de nós, Portugueses, temos cá dentro um impulso que nos levaria a fazer tudo ou quase tudo que fazem os Poetas, se não fosse um receio de parecer menos viril. A gente tem vergonha de beijar tudo, de amar as flores, de se enternecer com os animais, de dar um passeio. Se beija uma árvore, é parvo; se traz uma flor na mão, é maricas; se se enternece, é fraco; se acaricia uma menina, põe nessa carícia o sexo; se vai a qualquer parte para passear e ver o mundo, faz constar que foi em viagem de estudo ou viagem de negócios. Temos vergonha de ser sinceros, de que nos creiam parvos, ou maricas, ou fracos, ou lúbricos, ou estroinas. E então perdemos o melhor da nossa vida a ludibriar os outros e a insultar as nossas intenções mais belas e generosas. Ó Portugueses, é tempo de torcer o pescoço ao respeito humano. Olhai que nós somos bons e talvez seja verdade que somos poetas - e isso não deve ser desprezado, mas antes manifestado. Começai a ser sinceros, deixai de ser irónicos, e vereis como tudo corre melhor e a vida tem outro sabor!</span><br /><span style="font-style: italic;">Eu não quero "impingir" versos aos meus alunos: quero abrir-lhes a janela da Poesia, para que não se dê tempo a que também entre neles o respeito humano. Ouvindo ou lendo versos, verão logo de princípio que é natural um homem amar as flores - e amarão as flores com naturalidade. É tão raro, entre nós, um homem dizer em voz alta que ama as flores (...).</span><br /><span style="font-style: italic;">Por tudo isto e porque de pequenino é que se torce o pepino, é que eu fiz a Semana da Poesia. Para começar, enchi uma aula de versos lidos por mim. Ao escolhê-los, fiz o possível por excluir coisas mórbidas ou tristes - o que é bem difícil de realizar com a nossa Poesia - e procurei trechos simples, de preferência descritivos, porque seriam de mais fácil compreensão. Em quase todos a nota dominante era o encantamento - ser Poeta, tinha eu pensado dizer-lhes - é estar encantado ou desencantado e contá-lo com palavras que pareçam música. E a todos os impunha a beleza formal, a que eu olhei também: as coisas boas têm de ser ditas com bons modos e esta aula era uma primeira oferta que eu gostava que fosse aceite.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;font-size:85%;" >SEBASTIÃO DA GAMA<br />in DIÁRIO</span></div>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-40637337059212857332009-11-10T19:56:00.003+00:002009-11-10T20:54:20.441+00:00Jogo da Macaca<div style="text-align: justify;"><span style="font-family:verdana;">Tocou o despertador. Seis e quarenta e cinco… Noite ainda. Escuridão no pequeno quarto. Sono. Preguiça. Dolência. Demasiada escuridão lá fora. Mais uma vez, não conseguira adiantar-se ao nascer-do-sol. O sol nascia sempre depois dela. A noite, essa, quando ela…</span><br /><span style="font-family:verdana;">Demorou ainda. Encolheu-se e apreciou, mais um pouco, o torpor morno da cama larga. Sono agitado, turbulento, cansativo, desgastante… Olhos fechados, apenas… No escuro do quarto, as noites eram dias. Olhos fechados. Dias inteiros. E os dias, esses, por vezes noite. Saiu da cama, bela adormecida ainda.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Despiu, desajeitada, o pijama. Flores espalhadas pelo chão. Retalho ínfimo de Primavera…</span><br /><span style="font-family:verdana;">Olhou de soslaio o espelho e parou por instantes. Olheiras. Eternas. Perpétuas. E rugas. Fininhas. Rugas. </span><br /><span style="font-family:verdana;">A água caiu sobre o corpo ainda quente de cama e sono. Chuva tropical… Tépida cascata nos meandros da selva… Olhos fechados. O poder de fazer cessar a chuva e a torrente da cascata. Secou o corpo com o branco macio da toalha de algodão. Nuvem. Neve. Fumo. Neve no chão frio. Gotas de chuva nas costas. Um pomar de laranjeiras espalhado pelo corpo num gesto automático e inconsciente. </span><br /><span style="font-family:verdana;">O espelho, de novo. Creme. Base. Rouge. Sombra. Eyeliner. Olheiras. Eternas. E rugas. Fininhas. Rugas. Uma por cada lágrima. Uma por cada sorriso. Uma por cada alegria. Uma por cada desgosto. Uma por cada aventura. Uma por cada amor. Cada uma dela. Todas dela… Ansiadas. Desejadas. Dela, todas.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Meias pretas. Vestido preto. Sapatos pretos. Baton. Casaco? Vermelho. Cravo. Papoila. Sangue. Rubi. Sangue. Vida.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Abriu e fechou a porta do frigorífico. Leite. Simples. Frio. De um gole. E café. Forte, curto, amargo. Saiu.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Acendeu o vermelho. Era para peões. Peças de xadrez em história aos quadradinhos. Verde. Calcou o acelerador. Seguiu. Acendeu um cigarro distraído e sorveu-o lentamente… De vidro aberto. O ruído da cidade lá fora. O rádio. Passou pelos lugares do costume. Deixou abandonado lugar de estacionamento habitual. Seguiu. Seguiu em frente. Alheia à cidade que fervilhava de cheiros, cores, ruídos… Em direcção ao mar… </span><br /><span style="font-family:verdana;">O mar. Imenso azul. Misterioso. Infinito. Lar de sereias e monstros marinhos. Lendas. Mitos. Marinheiros e piratas. Castelos de areia. Melodias de búzios. Estrelas sem luz. Conchas. E o murmúrio embalador das ondas na areia macia da praia. E aquele cheiro salgado e fresco. O odor de terras longínquas e desconhecidas. De ilhas desertas. De glaciares montanhas brancas mundos de fadas e anjos… Sapatos pretos perdidos na areia. Os pés descalços na frescura das ondas. O sabor a sal nas mãos, nos lábios… O corpo enrolado numa vaga. A areia a picar-lhe a pele. Uma força a seduzi-la, a levá-la. E o sal a entrar-lhe na boca, nos olhos, nos poros da pele… Sabor de vida. Sabor de morte. Um turbilhão de histórias. De memórias. De desejos. De anseios. Lá atrás, a cidade que já não via nem ouvia. Só o mar… O mar e os seus pensamentos e toda a sua vida passada… Mais do que isso, silêncio… Um silêncio devastador, reparador, assustador, avassalador… No meio das vagas, do sal, do azul profundo…</span><br /><span style="font-family:verdana;">Um ruído longínquo entrou-lhe, mansamente, pelos ouvidos. Um grito. Um choro. Um gemido. Um suspiro… Um som que a ergueu do meio das ondas e lhe secou a pele e as lágrimas de sal. Uma voz que a despertou daquele sonho negro e azul. E foi-se o sal, a água, a areia, o azul, o ruído monótono e seco da cidade.</span><br /><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >- Mãe… </span><br /><span style="font-family:verdana;">E o mundo inteiro a entrar-lhe pelo quarto dentro. Todos os raios de sol ali. Todas as fases da lua que era sua. O mar inteiro a refrescar-lhe a alma…</span><br /><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >-Mãe…</span><br /><span style="font-family:verdana;">Acolheu-a no pequeno jardim do seu pijama-Primavera de flores. Afagou-lhe o cabelo e beijou-a ternamente num abraço de sol e sal e mar e estrelas e aberto luar. E ficaram as duas enroscadas num beijo quente de fusão perfeita.</span><br /><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >- Sim, meu amor…</span><br /><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >- Ensinas-me a jogar à macaca, mãe?</span><br /><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >-Ensino, amor. Se ainda me lembrar…</span><br /><span style="font-family:verdana;">E no calor terno do ninho, jogaram as duas... Salto, salto, salto, volta, salto, salto… </span><br /><span style="font-family:verdana;">Mar, ondas, espuma branca, areia macia, sal no corpo, nas mãos, nos lábios, nos olhos. Sal na vida. Sal da vida.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Salto, salto, salto, volta, salto, salto, volta…<br />Mulher menina. Menina mulher. Mulher menina mãe.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Dina Cruz</span><br /></span></div>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-38918650163444299582009-11-05T18:46:00.004+00:002009-11-05T18:55:44.663+00:00Prémio BLOG INSTIGANTE<div style="text-align: justify;"><span style="font-family:verdana;">Foi com agrado e orgulho que vi distinguido o Feminino Singular com o prémio "Blog Instigante", da parte do "Histórico-Filosóficas".</span><br /><span style="font-family:verdana;">O selo destina-se a premiar, e cito:</span><br /><span style="font-family:verdana;">“ Blogs que, além da assiduidade das postagens e do esmero com que são feitos, nos provocam a necessidade de reflectir, questionar, aprender e – sobretudo – que instigam almas e mentes à procura de conhecimento e sabedoria.”</span><br /><span style="font-family:verdana;">Sinto-me extremamente agradada com esta oferta e deixo o meu agradecimento ao autor de "Histórico-Filosóficas", um blog verdadeiramente INSTIGANTE.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Bom, também é pedido que o reenvie a outros sete blogs, e é isso que farei, convicto que é esta a parte mais dificil pois muitos dos que não serão designados mereceriam ser escolhidos:</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">http://cusdejudas.blogspot.com/</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">http://ericamachado-drika.blogspot.com/</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">http://poetadany.blogspot.com/</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">http://pesponteando.blogspot.com/</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">http://2beloste.blogspot.com/</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">http://poemar-te.blogspot.com/</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">http://yeacklemon.blogspot.com/</span></div>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-34757204223137748902009-10-27T20:18:00.004+00:002009-10-27T21:04:54.625+00:00Diálogo solto na berma dos dias...<div style="text-align: justify;"><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:verdana;" >Fechou os olhos secos de lágrimas e adormeceu na berma dos dias.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">- É assim que começa a morte. </span><br /><span style="font-family:verdana;">- <span style="font-style: italic;">Encara-a como uma vida alternativa um outro caminho um.</span></span><br /><span style="font-family:verdana;"> </span><br /><span style="font-family:verdana;">- É assim que se dá início à vida vazia de coisas grandiosas. <span style="font-style: italic;"></span></span><br /><span style="font-family:verdana;"><span style="font-style: italic;">- Na vida vazia dela, por dentro dela dessa vida vazia outros mundos outros sonhos por dentro da vida outra vida… Sabias? Por dentro da vida outra vida. Mudo por ti. Mudo para ti. Mudo para que tu saibas…</span></span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">- É assim que nos fazemos parte do rebanho, do bando, da multidão. <span style="font-style: italic;"></span></span><br /><span style="font-family:verdana;"><span style="font-style: italic;">- Desprezas o leão e essa é a tua mais temida faceta. A que eu mais gosto.</span></span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">- É assim que deixamos de nos pertencer. <span style="font-style: italic;"></span></span><br /><span style="font-family:verdana;"><span style="font-style: italic;">- Ninguém deixa de se pertencer – apenas escoiceados e vilipendiados… mas não faz mal… tens toda a razão do mundo… deve é faltar-te mundo… outra vida… escolhe outra vida… </span></span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">- É assim que alguém nos possui e nos encarcera a alma. </span><br /><span style="font-family:verdana;"><span style="font-style: italic;">- Não há machado que corte a raiz do pensamento…</span></span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">- É assim que deixamos de ser gente a sério, com ideias e ideais, com pulsações e inquietudes, com revoltas e cansaços…<span style="font-style: italic;"> </span></span><br /><span style="font-family:verdana;"><span style="font-style: italic;">- Não escolhas outra vida não traias a vida quer és! Não sejas de outro mundo… não queiras ser outra flor…</span></span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">- É assim que nos entregamos ao desaire e às anestesias dos outros… daninhos e corrosivos. <span style="font-style: italic;"></span></span><br /><span style="font-family:verdana;"><span style="font-style: italic;">- Sabes… não sei se valerá a pena enfrentar os outros daninhos e corrosivos – “para quê estar sempre a mostrar ao parvo que é parvo”</span></span>.<br /><br /><span style="font-family:verdana;">- É assim que tornamos pálida, a fraca alma que deixámos de possuir e que entregámos a um demónio devastador e guloso de sonhos… <span style="font-style: italic;"></span></span><br /><span style="font-family:verdana;"><span style="font-style: italic;">- Há um exército de pálidos e de enxovalhados. Esses são os mortos horríveis. Há vida para além da morte. Há vida além da noite. Já uma vez te chamei flor acobreada de luz… </span></span><br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:verdana;" >Fechou os olhos secos de lágrimas e adormeceu na berma dos dias.</span><br /><span style="font-family:verdana;"> </span><br /><span style="font-family:verdana;">Quantas vezes não acordou com o raiar da manhã e se entregou à frescura do orvalho num abraço fraterno com a Natureza?</span><br /><span style="font-family:verdana;">Quantas vezes não se deixou embalar pelo vento fresco e lenitivo de uma tarde quente de verão, na loira seara?</span><br /><span style="font-family:verdana;">Quantas vezes não se deixou emprenhar pelo cheiro quente da terra acabada de beber a água das primeiras chuvas?</span><br /><span style="font-family:verdana;">Quantas vezes se ofereceu inteiro aos raios de luar em noites cristalinas e plenas de estrelas?</span><br /><span style="font-family:verdana;">Quantas vezes ofereceu o seu doce sorriso às flores ao sol às árvores do bosque cerrado?</span><br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:verdana;" >E agora…</span><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:verdana;" >Fechou os olhos secos de lágrimas e adormeceu na berma dos dias.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:verdana;" >Fechou-se.</span><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:verdana;" >Encolheu-se.</span><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:verdana;" >Enrolou-se.</span><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:verdana;" >Apagou-se.</span><br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic;font-family:verdana;" >Fechou os olhos secos de lágrimas e adormeceu na berma dos dias.</span><br /><br /><br /><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >Para além da morte morte há uma outra morte. A morte em vida. É do cunho da renúncia! É do cunho da inveja. É do cunho da ingratidão. Sabe ao que sabe a solidão. Não terás nunca direito a uma morte dessas. Se há sempre uma vida há sempre uma luta. Há sempre um campo de feno e uma casa por construir. E um livro para escrever. Há sempre uma linha mais para onde possas correr. Ou andar. Saltitando como Mariana… Serás sempre Mariana… Enrolada em cor… Tímida e temida. Texto inacabado.</span><br /></div><br /><br /><span style="font-weight: bold;font-family:verdana;" >Dina Cruz e Nuno Monteiro</span>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-17809508576978099342009-10-25T20:55:00.001+00:002009-10-25T21:00:03.039+00:00Baobá mulher!<span style="font-family: verdana;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: verdana;">De África chegam-me vozes de terra e de calor… De tristeza e fome… de seca e de angústia… de sonho e solidão…</span><br /> <br /><span style="font-family: verdana;">Baobá mulher chora de pena! </span><br /><span style="font-family: verdana;">Chora de dor! </span><br /><span style="font-family: verdana;">Chora de luto. </span><br /><span style="font-family: verdana;">Do luto negro e fundo de quem perde, um a um, seus filhos, seus homens, seus irmãos…</span><br /> <br /><span style="font-family: verdana;">Nas suas curvas tortas e retortas, esconde o medo e ânsia, a sanzala e o xicote, o suor e o velho tronco, o minino e o pó do terreiro, a carapinha e os búzios, o batuque e a catinga...</span><br /><span style="font-family: verdana;">E oculta a força e a coragem. </span><br /><span style="font-family: verdana;">Esconde a savana e seus leões… </span><br /><span style="font-family: verdana;">E Alimenta!</span><br /> <br /><span style="font-family: verdana;">O Pequeno Príncipe que não tema a baobá… O seu asteróide está seguro. No seu asteróide estará seguro. </span><br /><span style="font-family: verdana;">A baobá não se dá longe da terra que é a sua, que é o seu leito e sua imensidão e seu túmulo…</span><br /> <br /><span style="font-family: verdana;"> É mágica a baobá mulher! </span><br /><span style="font-family: verdana;">Lua de poetas e eremitas, habita neles em lendas e poemas de flores perenes, de folhas feiticeiras, de frutos curativos, de troncos vivos e húmidos, de elixires de juventude e de vida…</span><br /> <br /><span style="font-family: verdana;">No meio da planície, espalha-se gorda e dolente pelo capim doirado… enrosca-se em contornos fantasmagóricos de cabeleira desalinhada pelo vento quente, espraia-se muda, entrega-se virgem, despede-se, ousada e desejada.</span><br /> <br /><span style="font-family: verdana;">Numa noite à sua escolha, coberta por um lençol de brancas estrelas e sob a luz de uma lua opaca como leite, parirá! </span><br /><span style="font-family: verdana;">Abrir-se-á de matizes e de aromas insondáveis. Explodirá de vida, em sufoco de saudade e de desejo. </span><br /><span style="font-family: verdana;">E será flores... </span><br /><span style="font-family: verdana;">Tantas flores quantas estrelas há no céu. </span><br /><span style="font-family: verdana;">E virão beber-lhe o néctar nocturno, os seres mais escuros da savana, </span><br /><span style="font-family: verdana;">os que, cegos, lhe sentiram, à distância o odor, </span><br /><span style="font-family: verdana;">os que, surdos, lhe ouviram os gemidos e os ais, </span><br /><span style="font-family: verdana;">os que mudos, quererão cantar-lhe a liberdade e a vastidão…</span><br /> <br /><span style="font-family: verdana;">E, no mar que tem dentro do peito, deixará navegar o universo inteiro… </span><br /><span style="font-family: verdana;">E matará a sede a quantos se aproximem. </span><br /><span style="font-family: verdana;">E curará os males mais infames. </span><br /><span style="font-family: verdana;">E será lira e batuque e ocarina… </span><br /><span style="font-family: verdana;">E será colher e taça e alimento, </span><br /><span style="font-family: verdana;">E será mãe e mulher e árvore </span><br /><span style="font-family: verdana;">E será útero e colo e seio e ventre </span><br /><span style="font-family: verdana;">E dança e tela e escultura e poesia… </span><br /><span style="font-family: verdana;">Será como é... Será o que é... Baobá mulher!</span><br /><br /><span style="font-family: verdana; font-weight: bold;">Dina Cruz</span></div>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-13247330731189532472009-10-20T22:37:00.002+01:002009-10-20T22:41:23.571+01:00Variações sobre O POEMA POUCO ORIGINAL DO MEDO de Alexandre O'NeillOs ratos invadiram a cidade<br />povoaram as casas os ratos roeram<br />o coração das gentes.<br />Cada homem traz um rato na alma.<br />Na rua os ratos roeram a vida.<br />É proibido não ser rato.<br /><br />Canto na toca. E sou um homem.<br />Os ratos não tiveram tempo de roer-me<br />os ratos não podem roer um homem<br />que grita não aos ratos.<br />Encho a toca de sol.<br />(Cá fora os ratos roeram o sol).<br />Encho a toca de luar.<br />(Cá fora os ratos roeram a lua).<br />Encho a toca de amor.<br />(Cá fora os ratos roeram o amor).<br /><br />Na toca que já foi dos ratos cantam<br />os homens que não chiam. E cantando<br />a toca enche-se de sol.<br />(O pouco sol que os ratos não roeram).<br /><br />Manuel AlegreDina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-74914570821074524852009-10-20T22:34:00.003+01:002009-10-20T22:55:46.418+01:00Poema pouco original do medoO medo vai ter tudo<br />pernas<br />ambulâncias<br />e o luxo blindado<br />de alguns automóveis<br />Vai ter olhos onde ninguém o veja<br />mãozinhas cautelosas<br />enredos quase inocentes<br />ouvidos não só nas paredes<br />mas também no chão<br />no tecto<br />no murmúrio dos esgotos<br />e talvez até (cautela!)<br />ouvidos nos teus ouvidos<br />O medo vai ter tudo<br />fantasmas na ópera<br />sessões contínuas de espiritismo<br />milagres<br />cortejos<br />frases corajosas<br />meninas exemplares<br />seguras casas de penhor<br />maliciosas casas de passe<br />conferências várias<br />congressos muitos<br />óptimos empregos<br />poemas originais<br />e poemas como este<br />projectos altamente porcos<br />heróis<br />(o medo vai ter heróis!)<br />costureiras reais e irreais<br />operários<br />(assim assim)<br />escriturários<br />(muitos)<br />intelectuais<br />(o que se sabe)<br />a tua voz talvez<br />talvez a minha<br />com a certeza <br />Vai ter capitais<br />países<br />suspeitas como toda a gente<br />muitíssimos amigos<br />beijos<br />namorados esverdeados<br />amantes silenciosos<br />ardentes<br />e angustiados<br />Ah o medo vai ter tudo<br />(Penso no que o medo vai ter<br />e tenho medo<br />que é justamente<br />o que o medo quer)<br />O medo vai ter tudo<br />quase tudo<br />e cada um por seu caminho<br />havemos todos de chegar<br />quase todos<br />a ratos<br /><br />Alexandre O'NeillDina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-5690338791609412422009-10-15T21:57:00.003+01:002009-10-25T21:02:47.169+00:00Vamos dormir, Mãe...<span style="font-family:verdana;"><br /></span><div style="text-align: justify;"><span style="font-family:verdana;">Porque sempre haverá <span style="font-style: italic;">meninos pendentes na beira da ponte deitando suas lágrimas ao vento</span>, escrevo agora. Grito. Sufoco. Blasfemo. Escarneço.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Não estivessem as estrelas no céu na companhia da lua, e arrancaria de mim um grito de nojo, e cuspiria venenos sobre a boca pérfida dos despojados de vida, num urro! Num coice!</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Mas há estrelas no céu… e luares lenitivos de camélia branca… E homens que são meninos de olhos esbugalhados e ânsias desmedidas e sonhos sonhados e por sonhar…</span><br /><br /><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >Mãe, sufragada de trabalho, ainda tenho que ouvir rugir esse incontrolável patronato… </span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Não chores, menino, as minhas lágrimas…</span><br /><span style="font-family:verdana;">Lágrimas são dores, são flores, são pedaços d’alma que se evolam na distância dos olhares… são sorrisos húmidos com sabor a sal e sol… são do homem! São do Homem!</span><br /><span style="font-family:verdana;">Sossega e dorme. Tens, no meu colo, todas as distâncias, todos os lugares, todas as estrelas do mundo… é meu colo, teu berço e teu segredo. Teu abrigo e teu desejado cárcere.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Sossega e dorme. Sonha.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">E quando o vento tiver secado as lágrimas que choras e te alçares ao vento, será para voares em sonho alado de liberdade etérea.</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">O teu mundo não é esse teu patrão, Mãe! A tua vida não é a tua produção, Mãe! </span><br /><span style="font-family:verdana;">Que não te arda o peito, a não ser por mim, Mãe. </span><br /><span style="font-family:verdana;">Por ti, Mãe! </span><br /><span style="font-family:verdana;">Por nós! </span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">PORQUE:</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;"><span style="font-style: italic;">A fábrica é uma pança gorda</span>, mas é um meio.</span><br /><span style="font-family:verdana;">A fábrica não é um fim.</span><br /><span style="font-family:verdana;">A fábrica é uma ínfima parte… uma insignificante parte…</span><br /><span style="font-family:verdana;">A fábrica morrerá de fome! Morrerá! De fome! Morrerá!</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">E tu, meu filho.</span><br /><span style="font-family:verdana;">E eu, meu filho.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Um quarto. Um chão. Uma vela. </span><br /><span style="font-family:verdana;">Um menino no berço. Um sorriso. Uma flor. Uma estrela. </span><br /><span style="font-family:verdana;">O luar escancarado que entra pela janela e pela alma dentro. </span><br /><span style="font-family:verdana;">Um beijo. Uma carícia.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Uma cantiga antiga relembrada e aquecida pela memória de infâncias olorosas de nuances doces e coloridas</span><br /><span style="font-family:verdana;">Um cheiro quente de terra molhada que nos entra nos poros e nos enche os sentidos.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Uma gota de água a escorrer na vidraça. Uma lágrima-pétala a escorrer pela face.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Um sorriso doce a escorrer pelos lábios. Um amor infindo que escorre de mim e se espalha, pelo chão, à luz da vela, à tua luz, na tua luz…</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Sombras trémulas de pequeninos fantasmas longínquos esvaem-se em finos fios de fumo fugaz! E tu… E eu…</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Ergo os olhos para a montanha e oferece-se-me o horizonte claro e infindo de sonhos por cumprir… para cumprir!</span><br /><span style="font-family:verdana;">Voarei! Voaremos sempre! Juntos! Voaremos enquanto deixarmos a luz irromper por nós dentro como a toada do gongo!</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">E <span style="font-style: italic;">posso tudo contra a faca que corta a morte</span>… que corta de morte! </span><br /><span style="font-family:verdana;">Porque sou mãe. </span><br /><span style="font-family:verdana;">Porque sou mãe e guerrilheira! </span><br /><span style="font-family:verdana;">Porque sou mãe e madrasta e amante e companheira e presa e predadora e abutre e gaivota e gume de adaga e língua de serpente e caixa-de-música e gongo retumbante e veneno mortal e antídoto secreto e mulher… </span><br /><span style="font-family:verdana;">E mulher! </span><br /><span style="font-family:verdana;">E mulher!</span><br /><span style="font-family:verdana;">Que engana Deus e o Diabo! </span><br /><span style="font-family:verdana;">Que cala dores de parto, de desvaire, de ciúme, de paixão, de orgasmo… </span><br /><span style="font-family:verdana;">Que rasga caminhos por amores singulares, que se deita na areia da praia para ser beijada pelo sol ardente, que se despe de pudores para se deixar iluminar pela branca lua, que se abre inteira ao amor do seu homem, ao amor dos seus filhos, em absoluta entrega…</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">E que se esventra, se revolve, regurgita, escarra, espezinha, amachuca, esfaqueia, dilacera, escarnece, cospe, fulmina, destrói…</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Ai de quem ousar macular esse quarto! Esse chão! Essa vela… Essa luz! Essa tua luz!</span><br /><br /><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >Então, Mãe… Vamos dormir?</span><br /><br /><span style="font-style: italic;font-family:verdana;" >Vamos, meu filho! Vamos, que é noite já.</span></div>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-24835277821094617522009-09-29T21:40:00.003+01:002009-09-29T21:45:23.295+01:00Obrigada, Nuno...<span style="font-family:verdana;"><br />Por me despertares </span><br /><span style="font-family:verdana;">do sono dolente da inércia</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Por me libertares</span><br /><span style="font-family:verdana;">das amarras do tempo<br />dos braços de um Morfeu </span><br /><span style="font-family:verdana;">decadente e moribundo</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Por me abrires a janela...</span><br /><br /><span style="font-family:verdana;">Vou.</span><br /><span style="font-family:verdana;">Voo.</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;font-family:verdana;" >Dina Cruz</span>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-71114166407785208802009-09-29T21:33:00.003+01:002009-09-29T21:46:16.823+01:00Pedido de desculpas<span style="font-family:verdana;"><br />Peço desculpa aos que têm aberto, </span><br /><span style="font-family:verdana;">em vão, </span><br /><span style="font-family:verdana;">esta janela, </span><br /><span style="font-family:verdana;">esperando voos...<br /><br /></span><span style="font-family:verdana;">Mas não tenho tido tempo... </span><br /><span style="font-family:verdana;">Não me tenho dado tempo...</span><br /><span style="font-family:verdana;">Para abrir as asas</span><br /><span style="font-family:verdana;">E visitar essas paragens secretas </span><br /><span style="font-family:verdana;">feitas de palavras </span><br /><span style="font-family:verdana;">que são gritos!</span><br /><span style="font-family:verdana;">que são beijos!</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;font-family:verdana;" >Dina Cruz</span>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-71429708066140148212009-06-26T19:35:00.003+01:002009-06-26T19:44:57.730+01:00Maria Madalena<div style="text-align: justify;"> <span style="font-family:verdana;"> Reina agora o silêncio. E a penumbra. E a solidão. E o nojo. E a inércia…</span><br /><span style="font-family:verdana;"> Reina agora, como antes, o sabor salgado dos suores moles e lânguidos de um Verão que o não é, dos corpos desnudos e ciosos de beijos e carícias que há muito anseiam sem alcançar. E os lábios, secos e gretados de desejos por cumprir, esboçam sorrisos cinzentos de perplexo vazio. E os filhos que dormem porque sim. Porque assim tem de ser. Porque esta não é a vida. Porque esta é a p*** alternativa que lhes resta… que lhes deixam restar…</span><br /><span style="font-family:verdana;"> No charco, tudo se mantém inalterável como num quadro de Van Gogh. Escuro. Frio. Mole. Azedo. Podre. Labutam almas descalças e nuas de vocábulos. Silenciosas e moles como relógios de Dali. Pelos longos corredores pálidos, semeiam-se traições e enredos dignos de novelas rocambolescas, de romances de um Kafka decrépito e insano.</span><br /><span style="font-family:verdana;"> Não chove lá fora. Mas chove incessantemente nos teus olhos cansados. Cansados dos silêncios. Pior! Da ausência de amor nas palavras que te dizem. Da ausência de verdade nos rosários que desfiam. Do vazio das frases vazias.</span><br /><span style="font-family:verdana;"> No charco não há vida. Há lodo! E nojo. E escuridão.</span><br /><span style="font-family:verdana;"> E os voos das aves. </span><br /><span style="font-family:verdana;"> E o coaxar das rãs! </span><br /><span style="font-family:verdana;"> E o calor invade cada espaço, cada gesto, cada poro aberto do teu corpo que se cumpre no momento em que abandonas o charco negro. E caem as pedras! Os abutres, Maria Madalena! Aves que rastejam e anseiam alimentar-se das verdadeiras aves livres que sabem e querem voar. Aves que aprisionam vontades, que sugam desejos e sorrisos, que devoram almas brancas para as escurecer.</span><br /><span style="font-family:verdana;"> Voa, Maria Madalena! Voa e vive! Perdoou-te Cristo. Hão-de perdoar-te também. Ou não… Que longe estão de ser perfeitas essas aves negras…</span><br /><span style="font-family:verdana;"> Não leva ninguém a mal. São todas infelizes. Todas incompletas.<br /> Não recebes laivo algum de lábios!</span><br /></div><br /><br /><span style="font-weight: bold;font-family:verdana;" >Dina Cruz</span>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-68856821172911149262009-06-26T19:28:00.001+01:002009-06-26T19:30:47.085+01:00Obrigada "Histórico-Filosóficas"Foi com prazer e orgulho que recebi o prémio "Blog Pensador" do "Histórico-Filosóficas"! Obrigada, Sérgio.Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4769088364179904166.post-67859691401966442092009-06-04T21:48:00.002+01:002009-06-04T21:55:08.064+01:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM2OWJ4YZ3x0hJydtcOPVeCIyK8xU3VBYkkNVx6LroTclMirTrli38qkjCVUAPQ0u8-kRPcBLgdhSRvB9jGoN6wIe6FenNSPPl2_rubYcOT9TTMmIeg8iDIsS3rhiFyOWyXcjRdVcOR08/s1600-h/lan%C3%A7amento.JPG"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 279px; height: 209px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM2OWJ4YZ3x0hJydtcOPVeCIyK8xU3VBYkkNVx6LroTclMirTrli38qkjCVUAPQ0u8-kRPcBLgdhSRvB9jGoN6wIe6FenNSPPl2_rubYcOT9TTMmIeg8iDIsS3rhiFyOWyXcjRdVcOR08/s320/lan%C3%A7amento.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5343578695370528450" border="0" /></a><span style="font-family: verdana;">Carlos Nejar, poeta e romancista, dramaturgo e crítico brasileiro afirmou, e passo a citar, “a escrita é uma necessidade física, urgente, de absorver a realidade e mudá-la. Assumir a responsabilidade de levar uma mensagem ao portador. E não importam os obstáculos do caminho, a mensagem chegará. Escrever é saber cortar e fazer explodir os silêncios”</span><br /><div style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-family: verdana;">Mas a escrita só é valida se tiver leitores!</span><br />A triste realidade é que a leitura, em termos genéricos, está marginalizada porque não dá tanto nas vistas como um automóvel de último modelo! Quando se fala de poesia, a situação agudiza-se, já que o texto exige um esforço que a maioria dos seres não está para lhe dispensar. Já Camões se queixava no século XVI, e passo a citar:<br /><br />Enfim, não houve forte Capitão<br />Que não fosse também douto e ciente,<br />Da Lácia, Grega ou Bárbara nação,<br />Senão da Portuguesa tão somente.<br />Sem vergonha o não digo, que a razão<br />De algum não ser por versos excelente<br />É não se ver prezado verso e rima<br />Porque quem não sabe arte não na estima.<br /><br />E continua na estrofe seguinte:<br /><br />Mas o pior de tudo é que a ventura<br />Tão ásperos os fez e tão austeros,<br />Tão rudes e de engenho e tão remisso,<br />Que a minutos lhe dá pouco ou nada disso.<br />Os Lusíadas, Canto V<br /><br />Lamentável é que assim seja, pois o poema é uma pérola da essência humana, que cada vez é menos valorizada e cada vez mais precisa de ser compreendida entronizada.<br />No dizer de Carlos Nejar, a poesia é uma solidão que deu certo. Uma solidão activa e militante. Porque a solidão é cósmica. E a solidão não acaba nunca.<br />Poesia prende-se, pois, com pureza original, com uma visão depuradora do mundo imundo em que vivemos. O poeta tem o dever de denunciar as injustiças e atrocidades sociais; tem obrigação de contribuir para a cura da cegueira em que se move erraticamente a humanidade, de acordo com o que Torga escreveu: o poeta é como um farol. Dá chicotadas de luz na escuridão.<br />O poeta tem o direito de ser livre. Só assim pode ser isento na visão que transmite quando escreve; só em liberdade pode assumir o compromisso da luta por um mundo melhor e mais justo.<br />A poesia, através das eras, tem sido a arma mais resistente e persistente numa luta sem sangue, mas com ideias que têm provocado profundas e amplas transformações de mentalidades. Mas há ainda muito para fazer…<br />Carlos Nejar, de novo, afirma que a poesia é a arte da mudança. Recusa amarras ou prisões.<br />Foi com muito agrado e com justificada curiosidade que recebi e fiz a minha leitura do livro elementos, da autoria de Dina Cruz e de Nuno Monteiro.<br />Não se pretende com este trabalho apresentar uma análise científica, nem tão pouco uma crítica literária academicista que seria forçosamente castradora dos sentidos intrínsecos do poema.<br />Cada poema é uma pérola na sua integridade desafiante que se mostra e nos fascina porque é assim, tal qual se mostra, assumindo um brilho novo sempre que se muda o ângulo de visão.<br />É por isso que não se pode impor uma leitura, sob pena de reduzir uma obra de arte a um arquétipo frio, desnudo, inerte, inútil.<br />A sensação de belo deve pertencer a quem frui o poema, lendo-o, saboreando as vogais e as consoantes e as aliterações e as assonâncias e os ritmos e as insinuações e a vida que pulsa no poema sempre que temos a alma disponível para conversar com ele. Sim porque o poema é um ser vivo, mas preguiçoso, expressamente preguiçoso…o que ele pretende, sem o dizer, é que nos apercebamos de que ele existe, mesmo para além de nós; o que ele pretende é que lhe prestemos atenção, ora respeitadora, ora ousada, virando-o do avesso, se necessário for, para que consigamos deslumbrar-nos com aquilo que subjaz às palavras e até com a cumplicidade que entre elas existe.<br />Um poema é as palavras a falarem umas com as outras, mostrando aquilo que ocultam e ocultando aquilo que mostram; as palavras que, juntas, se carregam de sentidos e de memórias que nos fazem ver o invisível; as palavras que, num festival de magia, nos revelam mundos, vivências, emoções que nos fascinam e nos alertam para uma realidade renovada.<br /><br />Abordagem da obra:<br /><br />O título: em qualquer obra o título é muito importante e pode assumir-se, muitas vezes, como o responsável pela atracção ou repulsa em relação ao livro. Também é verdade que há títulos que não deveriam ter livro e livros que não precisam de título. A novela menina e moça faz esquecer o título saudades.<br />O título pode remeter para o espaço onde decorre a acção: Viagens na minha terra; a Cidade e as Serras; Mau tempo no Canal. Pode remeter para o tempo da acção: 1984, de George Orwell. Pode condensar o assunto da obra: Amor de Perdição. Pode referir a personagem principal: Eurico o presbítero; os Maias; Os Lusíadas. Pode ser simbólico: Felizmente há luar!<br />Elementos, pois é certo que se trata de poesia elemental. Quase todos os poemas apresentam explicitamente um dos quatro elementos essenciais. O próprio subtítulo de cada uma das partes para isso remete: Terra de mim, escreve a Dina; o fogo e a água, regista o Nuno. Não falta o ar!<br />Comecemos pela referência à poesia da Dina:<br />Trata-se de uma poesia de carácter intimista, com o sujeito poético a auto-analisar-se e a exteriorizar o que lhe vai na alma. É uma poesia dos sentidos e das sensações. Tal como Orfeu desceu aos infernos para recuperar a sua amada, Eurídice, a poetisa desce ao mais fundo de si em busca da poesia: desço ao fundo de mim/e arrumo/em pensamentos desordenados/as vivências impolutas/Dos acasos propositados.<br />Por vezes fica angustiada, envergonhada, com o que encontra: em mim/mergulhei/profundamente/…/no armário das vergonhas/descobri/sorrisos secos/…abraços amargos/…/estilhaços/retalhos/pecados de mim.<br />Poesia do eu que se procura, se analisa, se expõe numa simbiose marcante com o tempo, o espaço, os elementos.<br />Mas também poesia do onírico que leva o poeta até imprevisíveis limites, passando “além do Bojador”, penosamente , para conquistar/as nuvens/o céu/o sol.<br />Poesia arrancada à solidão e à escuridão, ambientes propícios à criação: Só/na escuridão/no silêncio/…/só/no plaino frio/…/no segredo das batalhas que travo em mim e levam à consciencialização da necessidade de intervir socialmente, gritando: fraco é o sol/que não aquece/…fraca é a palavra/que soa alto/mas não se faz ouvir/…/mas não se quer ouvir…<br />Poesia, ora eufórica, quando escreve: E há música/e cores/ e vida/em mim…ora assumindo um pendor disfórico, um acentuado desencanto: Houvesse estrelas na noite/e teríamos esperança no futuro. Tal como na vida das gentes, altos e baixos; luz e trevas ocupam, à vez, a alma da poetisa: Dias há/em que esvoaçam/em mim/borboletas de luz/…/noutros/corvos soturnos/ me cegam de negro.<br />A magia da família, a esperança colocada num nome de criança ressaltam como lenitivos para as angústias do dia-a-dia atribulado: Maria: Trazes a madrugada nos olhos/ e a claridade da lua na tua voz; ou Beatriz: És quem/num beijo/me enche de arco-íris ou Porto de Abrigo: É no teu olhar/que me escondo/que me aqueço/que me abrigo/…/é em ti/meu porto<br />O arranjo gráfico dos textos privilegia a verticalidade, onde as estrofes heteromórficas, com versos heterométricos, extravasam o tumulto interior de quem, descendo ao mais fundo de si, encontra profundas dissonâncias.<br />A frequente ausência de pontuação favorece a pluralidade/liberdade, mas também a responsabilidade de leituras, ao mesmo tempo que aproxima a linguagem do pensamento e das emoções. Por outro lado, pode ser entendida como a obsessão de preservar a unidade que a pontuação não favorecece.<br />Enquanto que os poemas da Dina evidenciam uma preocupação com o interior do sujeito poético, exteriorizando-o, os poemas do Nuno mostram uma grande preocupação com a realidade exterior, que o poeta interioriza e sobre a qual reflecte. É como um arauto dos gritos da Natureza, mas também do Homem, das suas grandezas e das suas misérias.<br />Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito de verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo.<br />Estas afirmações de Sophia de Mello Breyner Andresen podem verificar-se nos poemas do Nuno quando escreve: Canto/a beleza do bater das asas/as ondas do mar/…/o raio de luz/…a terra inteira de quem tu és filha.<br />O poeta ora se mostra fascinado com a beleza do mundo, escrevendo: dentro de ti/descubro os heróis do vento que te impelem por esse mar/os dourados faróis por onde navegas/as frágeis noites/ e as cálidas madrugadas; ora se sente desencantado com o comportamento humano, lamentando-se: os homens julgam-se donos de tudo/até das estrelas; ora se mostra desolado com a actualidade violenta dos desempregados, denunciando: Foi um alvoroço/quando lá entrou o demónio/e lhe disse que já não tinha emprego/ A mulher chorou/os amigos fugiram/e entretanto chegou a fome/nos olhos baços das crianças. É certo Sophia, Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo. O poeta angustia-se com as injustiças comportamentais de uma sociedade decadente, degenerada, que não trata dignamente nem as crianças nem os idosos: Até quando/ Chorarão as pedras pelos pobres meninos arrastados pelo gelo/ou verter-se-ão as águas pelos infames futuros dos nossos velhos ao abandono.<br />O poeta canta também a Solidariedade e o Amor cósmico: cheguei de noite e bati à porta tão ao de leve/como um sussurro ou uma paleta de sons saídos da floresta/…/O homem da casa ergueu a taça e cortou a broa/lendas de linho em cima da mesa e a porta aberta/ e tu que nos trazes?/…/Todas as flores do Alentejo!/os copos encheram-se com o vinho e/os miúdos de faces coradas/pegaram as flores e foram distribuí-las pelas outras casas.<br />A noite metafórica, símbolo do desconhecido, assume uma importância criadora, genesíaca, reveladora. É no atro da noite escura que mais se sente a necessidade da luz, do conhecimento. É no seio da noite que começa a gerar-se a ânsia de um novo dia, que deve ser vivido em pleno. Por isso o poeta escreve: Foi em meio da noite que finalmente compreendeu/que é impossível viver sem olhar/sem sentir/sem cheirar todos os aromas que vivem ao nosso lado. (Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito de verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem.)<br />Remata a obra com um apelo ao regresso à pureza original, ao mito do bom selvagem de que fala Jean Jacques Rousseau, o tal que “Deus criou e pôs num paraíso de delícias; voltou a criá-lo a sociedade e pô-lo num inferno de tolices”, parafraseando Garret em Viagens na minha terra. Escreve, pois, o poeta: Cospe toda a parcimónia e avizinha-te de mim/…/despe-te Rosa e juntos / caminharemos pela aurora do outro mundo/seremos bandidos e proscritos vivendo das raízes e das folhas/…/regurgitaremos da vida tudo quanto não importe / e dormirás ao relento bebendo estrelas e engolindo mundos.<br />Concluo, dizendo que a poesia da Dina exterioriza o seu interior em intensos poemas, marcados pela verticalidade, de ritmo rápido e sentido.<br />A poesia do Nuno interioriza o exterior que derrama depois em poemas mais extensos, onde predomina a horizontalidade do verso longo, pensado, depois de sentido.<br />Estamos perante poesia autêntica, pois os poetas expõem ideias e sentimentos, servindo-se de padrões formais que sobrevalorizam a sonoridade e alcançam a máxima intensidade expressiva num espaço mínimo. O discurso poético concentra-se numa série de signos e sinais linguísticos convencionais que abrangem vários níveis de significado.<br />De Elementos brota poesia autêntica, aquela que nunca fenece.<br />Cabe a cada leitor investir a sua quota-parte, no sentido de descodificar mensagens implícitas.</div>Dina Cruzhttp://www.blogger.com/profile/02746552086866114048noreply@blogger.com0