Há várias noites que não vejo a lua… ou porque a noite a esconde, ou porque eu cerro as cortinas e a não deixo entrar pela vidraça da janela do meu quarto.
Dantes, eu achava que a lua era a eterna companheira das noites… das minhas noites, pelo menos… Que sem ela, apenas o sol reinaria em toda a sua sumptuosidade… Pensava que havia sido ela que, para brilhar lá no alto, fizera a escuridão e o vazio da noite, para poder mostrar-se em todo o seu esplendor e volúpia.
Infantil engano o meu…
Descobri, há pouco, que afinal, há noites sem lua. Há noites em que o luar não ilumina o mundo, nem os meus pensamentos.
Descobri também, que apesar de não haver lua, eles continuam lá, os meus sonhos e os meus pensamentos, tal como quando aquela luz branca e opaca como uma camélia, me fazia pensar que os inspirava e fazia crescer e fervilhar na minha alma.
É mentirosa, a lua… Enganadora e sinuosa como uma estrada de montanha em que, ao menor descuido, nos mostra um despenhadeiro oculto onde nos afundamos num mergulho de azul e vazio… Ilumina-nos o olhar apenas para nos fazer sentir que é dona do mundo inteiro, mas descobrirmos, logo a seguir que, afinal, sem ela, tudo mantém o seu rumo eterno e constante, ainda que sem a sua mágica presença.
Hoje, é mais uma dessas noites em que no azul-escuro da noite ela não reina, nem espalha o seu mistério. Mais uma noite em que, olhando o céu através do olhar frio do dia que passou, me convenço de que ela não é o lugar oculto de segredos insondáveis e distantes que eu pensava que era, nem a quimera de poetas ou amantes. É, nada mais, nada menos, que mais um desses planetas distantes que sonhamos alcançar quando somos crianças cheias de sonhos, ou quando por momentos, nos deixamos sê-lo ainda, apesar do peso nos ombros e das marcas do tempo em redor dos olhos cansados…
Não sei se voltarei a vê-la ou a tê-la nos meus sonhos, ou na minha vidraça. Quem sabe… Talvez quando me permitir ser de novo menina de tenra idade em momentos de devaneio pueril, ou quando precisar dela para iluminar alguma história de encantar.
À parte isso, as noites são todas iguais: escuras, frias e cheias de silêncios.
Dina Cruz
Dantes, eu achava que a lua era a eterna companheira das noites… das minhas noites, pelo menos… Que sem ela, apenas o sol reinaria em toda a sua sumptuosidade… Pensava que havia sido ela que, para brilhar lá no alto, fizera a escuridão e o vazio da noite, para poder mostrar-se em todo o seu esplendor e volúpia.
Infantil engano o meu…
Descobri, há pouco, que afinal, há noites sem lua. Há noites em que o luar não ilumina o mundo, nem os meus pensamentos.
Descobri também, que apesar de não haver lua, eles continuam lá, os meus sonhos e os meus pensamentos, tal como quando aquela luz branca e opaca como uma camélia, me fazia pensar que os inspirava e fazia crescer e fervilhar na minha alma.
É mentirosa, a lua… Enganadora e sinuosa como uma estrada de montanha em que, ao menor descuido, nos mostra um despenhadeiro oculto onde nos afundamos num mergulho de azul e vazio… Ilumina-nos o olhar apenas para nos fazer sentir que é dona do mundo inteiro, mas descobrirmos, logo a seguir que, afinal, sem ela, tudo mantém o seu rumo eterno e constante, ainda que sem a sua mágica presença.
Hoje, é mais uma dessas noites em que no azul-escuro da noite ela não reina, nem espalha o seu mistério. Mais uma noite em que, olhando o céu através do olhar frio do dia que passou, me convenço de que ela não é o lugar oculto de segredos insondáveis e distantes que eu pensava que era, nem a quimera de poetas ou amantes. É, nada mais, nada menos, que mais um desses planetas distantes que sonhamos alcançar quando somos crianças cheias de sonhos, ou quando por momentos, nos deixamos sê-lo ainda, apesar do peso nos ombros e das marcas do tempo em redor dos olhos cansados…
Não sei se voltarei a vê-la ou a tê-la nos meus sonhos, ou na minha vidraça. Quem sabe… Talvez quando me permitir ser de novo menina de tenra idade em momentos de devaneio pueril, ou quando precisar dela para iluminar alguma história de encantar.
À parte isso, as noites são todas iguais: escuras, frias e cheias de silêncios.
Dina Cruz