De África chegam-me vozes de terra e de calor… De tristeza e fome… de seca e de angústia… de sonho e solidão…
Baobá mulher chora de pena!
Chora de dor!
Chora de luto.
Do luto negro e fundo de quem perde, um a um, seus filhos, seus homens, seus irmãos…
Nas suas curvas tortas e retortas, esconde o medo e ânsia, a sanzala e o xicote, o suor e o velho tronco, o minino e o pó do terreiro, a carapinha e os búzios, o batuque e a catinga...
E oculta a força e a coragem.
Esconde a savana e seus leões…
E Alimenta!
O Pequeno Príncipe que não tema a baobá… O seu asteróide está seguro. No seu asteróide estará seguro.
A baobá não se dá longe da terra que é a sua, que é o seu leito e sua imensidão e seu túmulo…
É mágica a baobá mulher!
Lua de poetas e eremitas, habita neles em lendas e poemas de flores perenes, de folhas feiticeiras, de frutos curativos, de troncos vivos e húmidos, de elixires de juventude e de vida…
No meio da planície, espalha-se gorda e dolente pelo capim doirado… enrosca-se em contornos fantasmagóricos de cabeleira desalinhada pelo vento quente, espraia-se muda, entrega-se virgem, despede-se, ousada e desejada.
Numa noite à sua escolha, coberta por um lençol de brancas estrelas e sob a luz de uma lua opaca como leite, parirá!
Abrir-se-á de matizes e de aromas insondáveis. Explodirá de vida, em sufoco de saudade e de desejo.
E será flores...
Tantas flores quantas estrelas há no céu.
E virão beber-lhe o néctar nocturno, os seres mais escuros da savana,
os que, cegos, lhe sentiram, à distância o odor,
os que, surdos, lhe ouviram os gemidos e os ais,
os que mudos, quererão cantar-lhe a liberdade e a vastidão…
E, no mar que tem dentro do peito, deixará navegar o universo inteiro…
E matará a sede a quantos se aproximem.
E curará os males mais infames.
E será lira e batuque e ocarina…
E será colher e taça e alimento,
E será mãe e mulher e árvore
E será útero e colo e seio e ventre
E dança e tela e escultura e poesia…
Será como é... Será o que é... Baobá mulher!
Dina Cruz
Baobá mulher chora de pena!
Chora de dor!
Chora de luto.
Do luto negro e fundo de quem perde, um a um, seus filhos, seus homens, seus irmãos…
Nas suas curvas tortas e retortas, esconde o medo e ânsia, a sanzala e o xicote, o suor e o velho tronco, o minino e o pó do terreiro, a carapinha e os búzios, o batuque e a catinga...
E oculta a força e a coragem.
Esconde a savana e seus leões…
E Alimenta!
O Pequeno Príncipe que não tema a baobá… O seu asteróide está seguro. No seu asteróide estará seguro.
A baobá não se dá longe da terra que é a sua, que é o seu leito e sua imensidão e seu túmulo…
É mágica a baobá mulher!
Lua de poetas e eremitas, habita neles em lendas e poemas de flores perenes, de folhas feiticeiras, de frutos curativos, de troncos vivos e húmidos, de elixires de juventude e de vida…
No meio da planície, espalha-se gorda e dolente pelo capim doirado… enrosca-se em contornos fantasmagóricos de cabeleira desalinhada pelo vento quente, espraia-se muda, entrega-se virgem, despede-se, ousada e desejada.
Numa noite à sua escolha, coberta por um lençol de brancas estrelas e sob a luz de uma lua opaca como leite, parirá!
Abrir-se-á de matizes e de aromas insondáveis. Explodirá de vida, em sufoco de saudade e de desejo.
E será flores...
Tantas flores quantas estrelas há no céu.
E virão beber-lhe o néctar nocturno, os seres mais escuros da savana,
os que, cegos, lhe sentiram, à distância o odor,
os que, surdos, lhe ouviram os gemidos e os ais,
os que mudos, quererão cantar-lhe a liberdade e a vastidão…
E, no mar que tem dentro do peito, deixará navegar o universo inteiro…
E matará a sede a quantos se aproximem.
E curará os males mais infames.
E será lira e batuque e ocarina…
E será colher e taça e alimento,
E será mãe e mulher e árvore
E será útero e colo e seio e ventre
E dança e tela e escultura e poesia…
Será como é... Será o que é... Baobá mulher!
Dina Cruz
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